Ata realizada ao vivo na assembleia de freguesia extraordinária de 30 de junho de 2015

Ata realizada em directo no Facebook Parque das Nações, por Carlos Ardisson, assembleia de freguesia de 30/06/2015 na Sala Moche no Meo Arena pelas 21h

Início dos trabalhos

Período antes da ordem do dia: apresentada a carta de renúncia ao mandato de Hirondino Isaías

José Baltazar questiona o executivo sobre a criação da comissão de acompanhamento

Presidente responde que durante a primeira quinzena de Julho se irá convocar essa comissão. Não foi convocada antes pois não havia novidades a dar.

José Baltazar, em nome do CDS e PSD, apresenta uma moção de louvor à administração da Parque Expo e ao ministério responsável pela concessão do Oceanário à Fundação Soares dos Santos pela mais valia que representa a concessão a uma fundação Portuguesa que não visa o lucro, mas a criação de um pólo de excelência neste campo.

Guilhermina Silva, em nome do PCP mostra-se contra.
Paulo Andrade pelo Pnpn refere que o seu movimento mantém a posição que defendia a manutenção do Oceanário de Lisboa na esfera pública.
Mourinho Marcelo, pelo Ps, defende ser extemporâneo a apresentação de um louvor e informa que vai votar contra.

Rejeitado por maioria, 11 votos contra, 2 votos a favor PSD e CDS

Intervenção do público, dois inscritos

A minha intervenção:

Parabéns pela retirada das viaturas dos trabalhadores da junta do parque da estacionamento em frente. É bom quando se ouve o que diz algum morador e daí surgem resultados, gostei é pena é que em tantas intervenções por mim feitas desde 13/2/2014 está seja a primeira que tenha visto surgirem resultados.
No entanto não posso deixar de comentar que com este espaço fantástico que nós temos uma parte do executivo se tenha deslocado para a reunião de carro, entrando dentro da zona de circulação limitada, não me parece bom exemplo…

Caf no início do ano ficou prometida uma revisão conjunta desta assembleia ao regulamento dos CAF para que os Pais apenas pagassem o tempo que os filhos frequentam e não como por exemplo aconteceu em Setembro, a frequência de 15 dias implicar o pagamento da mensalidade total, ao contrário do que sempre aconteceu e acontece por exemplo nos Olivais.

Peço para que divulguem a resposta que deram ao meu pedido de esclarecimento sobre o pagamento ou não de 3 dias de Julho. Foi-me respondido que a frequência desses dias não implicará o seu pagamento, mas a informação deve ser divulgada a todos os Pais pelos canais habituais.

Rupturas de água na via pública: 3 uma na Rua Ilha dos Amores, no passeio em frente à casa do presidente. Outra junto à BP. Outra na “rua” de acesso ao JI da Infante D Henrique ( já não bastava ser só buracos e terra enlameada durante o inverno, agora temos a mesma situação no verão! E esperemos que seja uma ruptura de água canalizada e não de esgoto…)

Canteiros da junta de freguesia continuam abandonados… Até quando (água já há!, falta tudo o resto!)

Por favor melhorem a comunicação, não é possível que se continuem a acusar os residentes de todos os males… E o resto a Parque Expo. Se existiram problemas com a rega não foram criados pelos moradores, já falei com técnico da CML. O problema maior que existiu é que estava aberta uma válvula de escoamento do sistema e era por ali que a água se perdia em quantidades enormes, impedindo a criação de pressão no sistema de rega, assim que descobriram isso depois de tentativas e erros, a pressão voltou ao sistema!

E já agora o parque infantil da zona norte e o jardim da música são mesmo para quando?

Lucílio Almeida refere que é lamentável que não se envie por mail a convocatória desta e de outras assembleias.

Lamenta ainda que a as actas não estejam publicadas desde Julho de 2014.

Fala agora da ruptura de água junto à BP, há 3 meses que está assim. Lucílio refere que já assistiu a uma queda de uma pessoa nesse local.

Refere que é necessário informar os sistemas de informação de gps e afins para que sejam partilhados os novos números de polícia por essas entidades.

Refere um exemplo recente de uma ambulância que andou perdida e demorou imenso tempo a prestar assistência a quem necessitava.

Questiona se há já alguma resposta da CML em relação ao problema que apresentou na assembleia de freguesia extraordinária sobre o descalçar do empedrado nas vias públicas.

President responde:

Refere que fez um despacho sobre o estacionamento para os funcionários da junta sobre quem e como pode estacionar.

Quanto a ter chegado de carro, refere que o fez por ter vindo de uma reunião, que de resto gosta de se deslocar a pé.

Fugas de água estão reportadas à Epal

Canteiros irão em breve ter uma pequena intervenção visto agora não ser época para plantações. Refere o caso

Rega, confirma a minha informação sobre a válvula e refere que não foi pela abertura das válvulas pelos residentes que o problema se deu, mas que essa situação também contribuiu para o problema.
Parque infantil é da CML, a intervenção na aranha será feita em Julho, Agosto, na pior das hipóteses em setembro, devido ao período de férias que vai decorrer.

Jardim da música, 4 instrumentos comprados a instalar até meio de Julho ( compradas à Inglaterra)

Actas, estão a ser preparadas em sistema informático.

Pedras descalçadas, concorda que a CML ainda nada fez.

João Franco vogal da educação compromete-se pessoalmente a mudar a forma como é cobrado o CAF, passando a cobrar o valor/tempo que as crianças frequentam. Fica registada essa abertura para nos casos que surgiram ao longo deste ano para que se possa melhorar o que estava menos bem

Marta Rosa (PSD) refere que a convocatória desta assembleia não cumpriu com os prazos mínimos para a sua convocação.
Depois de intensa análise, foi admitido pelo presidente da mesa que existiu realmente um incumprimento, depois da análise feita agora.
Questionou os eleitos se alguém pretende impugnar a assembleia, a resposta foi negativa, ficando apenas a chamada de atenção para que de futuro não se volte a verificar.

Presidente apresenta agora o que foi feito nos meses de abril e maio.

Reuniões com delegações de países que visitaram a freguesia.

Decorreram inúmeras reuniões com a CML

Algumas intervenções foram já feitas, outras estão dependentes de intervenções da CML. Da como exemplo a Alameda dos Oceanos em que refere que a junta só pode actuar nos canteiros depois da CML instalar os novos candeeiros.

Refere que foi feita a contagem dos sem abrigo e congratula-se pela sua diminuição.

No desporto lançaram o parque saudável verão e em parceria com a CML o programa Lisboa vai ao Parque, participaram nas olissipiadas.

Cultura, o trabalho normal

E assim completa a informação do presidente à assembleia.

Paula Sachez (Pnpn) refere que a informação escrita do presidente apenas apresenta o número de reuniões e não o que foi feito.
A comitiva de Copenhaga veio cá, mas fazer o quê?
Os empresários Polacos o que cá vieram fazer?
Os estudantes que por cá estiveram o que fizeram?

Refere que a proteção civil da forma que o executivo a criou está sem base legal.

As juntas, segundo refere a lei, não fazem parte de nenhum dos níveis de proteção civil.

Questiona quanto custaram os 29 rádios comprados e já entregues ao suposto núcleo de proteção civil, as pessoas tiveram formação?

Apresenta imensas questões impossíveis de acompanhar aqui.

Refere que finalmente e passado um ano colocaram terminais multibanco nas escolas, refere ” Não há mal que dure sempre!”

Muitas outras pertinentes questões foram levantadas, caso eu tenha acesso ao texto farei posteriormente a sua partilha.

Estão 13 pessoas a assistir à assembleia.

Marta Rosa (PSD), questiona quantos cães de raças perigosas estão registados nos 29 registos que foram feitos na junta.

Problemas no pavimento, inúmeros casos foram já apresentados e nenhum resolvido.

Felicita a pintura dos muros ao lado do Pav de Portugal, mas refere que há muitos mais para pintar

Refere que já se vê algum movimento, mas não é suficiente.

Paulo Andrade ( Pnpn) refere com agrado o caso da mobilidade e congratula-se com a aceitação das propostas da junta pela CML.

No que respeita à rega alerta que é necessário ter um plano de rega alternativo caso existam falhas no sistema. Não pode a junta ir plantar os canteiros sem a garantia que a água não vai faltar.

Congratula-se com a colocação dos contentores solidários.

Refere deve ser implementada a assinatura digital nos documentos que for possível na junta.

Luis Pastor (PS), refere a parceria no conceito cicloexpresso. Refere que se começa a ver resultados.

Refere que não é pelo Super Bock Super Bock que as obras estão a acontecer, tal como refere o Carlos Ardisson nas redes sociais.

Congratula-se com a pintura dos muros do Pav de Portugal, efectuado por residentes.

Desempregados: sugere que consultassem os currículos destes quando necessitassem de alguém.

José Baltazar (CDS) refere que considera que alguns espaços não necessitam de estacionamento pago à Emel.
Pede ao vogal da educação para que este peça ao agrupamento da escola Vasco da Gama para que os alunos possam voltar a guardar as suas bicicletas nas respectivas escolas, evitando que as mesmas sejam roubadas do exterior.

Congratula-se com o regresso da Cespa, empresa que esteve até final de 2014 no terreno a partir de Julho.

Questiona se existiu oferta de equipamentos pela CML à junta, aquando das Olissipiadas e a quem foi atribuído.

O executivo acena com a cabeça que não recebeu nada.

Sistema de rega:
Conta um contacto com a central de tratamentos de água, onde esta lhe referiu que nunca existiram grandes problemas. Pede que não se responsabilize quem já cá não está.

Presidente responde:

Câmara de Copenhaga veio cá conhecer o espaço.

Continuam a receber pedidos de informações para inúmeros estudos estrangeiros.

Espera que alguns dos visitantes venham a investir na zona, mas refere que não lhe cabe agora divulgar as matérias.

Refere que este espaço é um marco da renovação urbana e que apesar de tudo assim se mantém.

Proteção civil, está a ser tratado em conjunto com a CML.

Os lapsos na informação escrita estão a melhorar e pretende que assim continue no futuro

Os terminais MB foram instalados nas escolas quando foi possível implementá-los.

A esquadra desistiu de um apoio da junta, no valor de 200€, pois tiveram outros apoios.

Biblioteca não foi referida pois não houve nada de novo.

Responde a Marta Rosa:

Canídeos há uma estreita parceria com a PSP.

D João II autocarros juntos ao hotéis, estudam a poda de algumas árvores para que os autocarros possam parquear perto dos hotéis, deixando de o fazer na faixa pública.

O buraco em frente ao Club House é responsabilidade da CML e esta ainda não o tapou.

Viaturas eléctricas: as empresas contactadas foram feitas a empresas da área.

Graffitis, pintaram a zona dos muros do Pav de Portugal pois são espaço público.

Nas áreas privadas devem ser os donos a intervir.

Resposta a Paulo Andrade:

Quadro da informação escrita será utilizado no futuro.

Assinatura digital, ainda não podem fazê-lo na junta.

Resposta a Luis Pastor:

Ciclovia estão abertos a propostas e colaboram com alguns residentes neste sentido.

Já têm zonas para estacionamento de bicicletas em stock, precisam de autorização da responsável do agrupamento para o fazer.

Resposta a José Baltazar:

Emel, só no 2 ou 3 trimestre do próximo ano é que esta matéria irá ser discutida com a Emel, depois de decisão da AML.

Atividades náuticas, espera em breve tornar público alguns planos que estão a ser trabalhados.

Contratações de desempregados, neste momento não há necessidade de ninguém. Quando necessitam consultam o programa com os desempregados disponíveis para verificarem se há quem necessitam.

As podas, há técnicos que referem que estas árvores até beneficiam desta situação, no entanto dentro de dias irão ser suspensas e retomadas em setembro.

Olissipiadas, não receberam equipamentos nem sabe como seria possível recebê-los.

Conclui a sua intervenção

Apresentação do programa Praia Campo Sénior, pela vogal Conceição Palha.

A partir do dia 1 de Julho irão divulgar toda a programação desta actividade.

Refere que estão orgulhosos que há mais de 500 famílias que são apoiadas em permanência pela junta, mas refere ainda que isto não chega.

Temos que alargar o âmbito da nossa ação e chegar a um nível diferente da pobreza.

Espaço comunitário Parque das Nações, apresenta a ideia e dados mais concretos serão disponibilizados no futuro. Este é um sonho que irá ser concretizado.

José Baltazar, questiona o executivo sobre os números do programa Há férias no Parque.

Refere está satisfeito com a criação do programa Praia Campo Sénior e vai votar a favor.

Paula Sanchez (PNPN) alerta para um excesso de documentação necessário para a inscrição.

Alerta que o custo é igual para um reformado com um valor de 421€ e outro cujo vencimento seja de 1000€

Chama a atenção para algumas frases constantes do regulamento que quanto a si estão incorretas.

Votação do programa Praia Campo Sénior.

Eleita Paula Sanchez abstém-se

Restantes eleitos votam a favor.

Aprovado 12 a favor e 1 abstenção

João Franco toma a palavra para apresentar o regulamento de tabelas e taxas do Parque das Nações. Refere que apenas se transcreve o que já está em vigor na CML.

A junta pretende assumir a cobrança destas taxas directamente

José Baltazar pede a João Franco que explique o que se trata do licenciamento zero.

Refere o caso do presidente da junta de Santa Maria Maior em que este se queixou do problema de ser a CML a licenciar os espaços.

Sugere que exista algum critério de futuro para a concessão destas licenças no futuro.

Luis Pastor (PS) refere que é muito importante regulamentar os espaços a concessionar e considera que se deve fazer um esforço para harmonizar estas ocupações.

Marta Rosa (PSD) questiona se as esplanadas serão contempladas neste regulamento.

Paulo Andrade (PNPN) partilha que há cerca de um ano foi feito um trabalho sobre a ocupação de espaços públicos. Refere que zonas como a Gare do Oriente não é uma dessas zonas.
Havia 14 áreas e algumas em zonas que sem ocupação e que a colocação de um espaço desses poderia trazer vida a esse local.

Sugere a criação de um guia para quem quer efectuar licenciamentos.

Presidente intervém e manifesta o cuidado em licenciar os espaços, refere que há interesse nas receitas, mas que não se deve vender a “alma ao diabo”

João Franco explica o licenciamento zero.

Refere ainda que considera que as esplanadas estão contempladas no regulamento.

Considera este o pontapé de saída para a criação de uma receita importante para a freguesia.

Há necessidade de obter receitas para além das transferências da CML.

Presidente refere que os quiosques irão transitar para a junta e que futuramente será está a concessioná-los.

Dá o exemplo do Esplanando que será ainda concessionado pela CML e transitará depois para a CML.
Esta situação ocorre para não prejudicar a concessão

Encerrada a sessão.

Perceber o Jardim das Ondas

Para se perceber um pouco melhor o Jardim das Ondas, Rui Sadio, membro do grupo “Pela Qualidade Urbana do Parque das Nações“, apresenta excertos de entrevistas com os co-autores Fernanda Fragateiro e João Gomes da Silva retirados da dissertação de mestrado em Arquitectura “Fronteiras e situações de contacto na obra de Fernanda Fragateiro” de Maria Azevedo Mendes de Sousa Eiró (IST – out 2012).

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ENTREVISTA REALIZADA A FERNANDA FRAGATEIRO A 28-02-2012, NO SEU ATELIER 

(…)

Tem vindo nos últimos anos a colaborar com vários arquitectos. Como distingue as diferentes relações? 

(..) O José Veludo é uma pessoa mais técnica, aliás, ele era uma das pessoas, que em relação ao Jardim das Ondas, estavam um bocado mais cépticas. Mas porque ele tinha uma noção de que aqueles espaços são extremamente difíceis de manter, portanto, a preocupação dele era em como é que se manteriam aqueles montes de terra cobertos de matéria vegetal com a enorme carga de utilização diária… E o que eu disse sempre foi: isto tem de ser tratado como uma coisa muito especial, não pode ser tratado como um relvado qualquer. Se é um espaço onde podem acontecer coisas muito diferentes daquelas que acontecem num jardim normal tem que se ter esse tipo de cuidados, portanto, tem que ser constantemente reparado e há zonas que têm que ser vedadas quando estão muito desgastadas. Ele foi das pessoas que fez bastante força para que eu introduzisse matérias duras, e eu disse sempre que não, sabendo obviamente que seria mais difícil.

No texto sobre o Jardim das Ondas, presente no catálogo da exposição: Co-laborações: Arquitectos/Artistas, é referido como um projecto de colaboração que dilui todas as linhas que separam artistas de arquitectos. Isso aconteceu na prática, no processo criativo ou construtivo ou vem só da imagem final da obra? 

Embora seja um trabalho de colaboração, tem uma linha divisória até bastante marcada. No fundo, o que o João Gomes da Silva faz, é permitir que aquele projecto aconteça. Claro que, o deixar que um projecto aconteça já é uma coisa muito importante porque, se olhar para o desenho urbano da zona de intervenção da Expo e se olhar para o desenho que tem a ver com a parte paisagística, projecto também do João Gomes da Silva, aquele jardim é um objecto estranho que aterrou ali e que rompe com aquela linguagem ‘mais natural’ do projecto. Portanto, eu proponho aquele projecto e concebo-o sozinha e o que o João faz, é entender, respeitar imenso a minha proposta e contribuir com o saber dele para que aquele projecto seja possível. Os outros paisagistas ligados ao espaço da Expo, achavam que aquele espaço não era viável, que não funcionava ou que tinha uma artificialidade que não coincidia com a linguagem do resto do espaço. Não concebemos aquele projecto juntos, mas o João Gomes da Silva teve, neste cenário, a sensibilidade e a abertura para dizer: “eu vou ajudar a artista a fazer o seu projecto e vou pôr todo o meu saber ao serviço”. (…) E isso foi muito importante porque havia muitas resistências ao projecto.

A sua intervenção para a Expo’98 foi singular e díspar das dos outros artistas, porquê? Como surgem estas intervenções? 

É muito simples a forma com nasceram as cerca de sete intervenções que fiz no espaço da Expo. Tudo começou com um pedido do Arq. Manuel Salgado, para que eu resolvesse o revestimento do muro de entrada dos Jardins da Água. Um pedido que é clássico, ou seja, é para resolver um revestimento, uma superfície, um desenho que se aplique num chão ou numa parede que já está desenhada, que o artista é normalmente chamado, e foi só para isso que ele me convidou e claro que eu fiquei muito contente por trabalhar naquele espaço da Expo e ter, pela primeira vez um projecto público de grande escala e com a sorte de ter meios disponíveis para o fazer.

Pedi primeiro, que ele me explicasse o que eram os Jardins da Água e há medida que ele me ia explicando e mostrado o projecto, eu ia, de uma forma muito naïf, criticando e propondo outras soluções (…) Neste momento, penso sinceramente que, também pelo facto de os arquitectos estarem tão cheios de trabalho, o Manuel achou muito bem-vindo que alguém de fora interviesse, e acabou por dizer: então resolve, então pensa. Assim nascem um muro, uns bancos, um chão e umas paredes de um lago e, quando se chega ao fim dos Jardins da Água, há um espaço vazio ainda pouco definido, que me interessou imenso. Para esse espaço pedi especificamente ao Manuel para fazer um jardim.

Foi então o seu primeiro projecto para um jardim? 

Sim, nunca tinha feito um jardim na vida. (…) Fiquei seriamente a pensar sobre, como é que podíamos criar ali situações de experiência de espaço, diferentes daquelas que já estavam autocriadas pela forma muito simples e quadriculada pela qual este se organizava. A questão que se punha desde logo, era que quando olhava para o rio queria esquecer tudo o resto, mas não percebia porque é que não se conseguia criar qualquer coisa que tivesse a ver com a subtileza, com o movimento, com a leveza e com a força do movimento do rio. Se todo o tema da Expo era sobre o mar, porque é que tudo estava a ser construído de uma forma extremamente rígida?

Porque opta por modelar o terreno e realizar um jardim, atípico, totalmente revestido a relva? 

Eu acho que muitas vezes os jardins mantêm a mesma lógica que resto do espaço urbano. São espaços segmentados, cheios de atravessamentos, caminhos, zonas para sentar, etc. A experiência que eu tive, em pequenina, de viver junto a um jardim do velho Caldeira Cabral, no Montijo, que é um jardim muito inglês, com grandes planos de relva, ou seja, espaços muitíssimo flexíveis onde podia pisar a relva, onde não tinha que estar num caminho ou sentada num banco de um jardim. (…) Essa experiência influenciou-me muito e durante muito tempo não conheci, em Portugal, mais nenhum jardim onde se pudesse pisar a relva. Portanto, isso era a experiência principal de espaço que eu queria reproduzir.

Estes projectos estiveram integrados no programa de arte pública da Expo? 

No catálogo da Expo, o meu projecto está nos projectos de arte pública simplesmente porque era estúpido separá-los, mas eu trabalhei, penso eu, de forma diferente dos outros artistas. No fundo, eu colaborava com o atelier do Manuel Salgado, o RISCO, e depois, mais especificamente com o João Gomes da Silva, portanto, era quase como se eu fosse mais um membro da equipa. Havia de facto um programa de arte pública, dirigido pelo meu marido e para o qual eu não fui convidada, mas para o qual foram escolhidos um série de artistas. A partir do momento em que o Manuel Salgado me convidou, ficou logo muito claro que eu não estava ligada ao programa de arte pública.

Quem fez a produção das obras? 

A produção dos meus trabalhos foi feita pela RISCO, na altura não fiz, mas é uma coisa que agora faço sempre. Naquele caso eu nem sequer tinha experiência, portanto, o que eu fiz, foi a parte de projecto e depois a RISCO resolveu toda a parte técnica, de projecto e de produção ou encomenda das peças. No caso do Jardim das Ondas foi o atelier do João Gomes da Silva.

Existe nesse processo uma certa perca de controlo pelo facto de não ter sido a Fernanda a tratar da produção das peças? 

Não houve, neste caso, porque eu estive muito próxima e considero, que tive até bastante controlo em ambos os jardins. Por exemplo, no muro, desde a escolha do material, ao esquema de cores, até à disposição e colocação das pastilhas de vidro, foram tudo processos totalmente controlados por mim. Os bancos, também em pastilha de vidro e com frases da Virginia Wolf retiradas do Livro das Ondas e o desenho da calçada foram executados conforme desenhos feito por mim, assim como os painéis cerâmicos das algas, já no fim do jardim, foram revestidos com um vidrado especial feito com uma técnica descoberta por duas amigas minhas para eu utilizar ali. Portanto, acho que houve um controle muito grande.

No Jardim das Ondas, também houve um controle no terreno, embora a primeira vez que se fez o jardim ele não ficou bem construído, quando se reconstruiu tivemos tempo para refazer exactamente como queríamos.

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ENTREVISTA REALIZADA A JOÃO GOMES DA SILVA, A 30-01-2012, NO ATELIER GLOBAL ARQUITECTURA PAISAGISTA 

Começo por lhe pedir para descrever a sua intervenção no projecto da Expo’98. 

Eu fui co-autor, com o Arq. Manuel Salgado, do plano que ganhou o concurso para o recinto da Expo’98 e depois tivemos a tarefa de fazer, o que se chamou na altura, projecto de solo. Fizemos, em colaboração e a vertente de colaboração estendesse aqui a todos os intervenientes, o projecto de espaços públicos da Expo, no seu todo. Começando pelo que constituiu uma espécie de plano geral, no qual uma série de regras e elementos de base se estabeleceram, nomeadamente, a relação entre o espaço público, a sua infra-estrutura e a tão importante revelação ou ocultação da mesma. A partir do momento em que se fez esse trabalho de base, começaram-se a identificar os temas de trabalho mais isolados e autonomizaramse alguns projectos, quer para o meu lado, quer para o lado do Arq. Manuel Salgado e do RISCO. Surgiram assim, vários espaços, entre eles os jardins e, a certa altura, pensou-se que seria interessante, antes de se começar a fazer qualquer projecto, envolver outras pessoas que pudessem pensar e ajudar a conceber o espaço público.

Refere-se agora aos artistas? 

Estamos em finais dos anos 90, ou seja, vimos de uma cultura, estabelecida nas últimas duas décadas (80 e 90), que assentava na ideia de espaço público e da interacção com as artes. Assim surgiu a ideia de convidar vários artistas e criar um programa de arte pública, a desenvolver no âmbito da Expo. Portanto, para além do envolvimento dos engenheiros, foram convidados vários artistas para intervir no espaço, alguns intervieram de maneira mais tradicional, trabalhando sobre os pavimentos a partir de padrões regulares, abstractos ou figurativos; outros trabalharam de uma forma mais tridimensional, ou seja, sobre a forma de esculturas ou de instalações e outros trabalharam de uma forma mais insidiosa mas também mais intensa ou intrincada como é o caso da Fernanda Fragateiro.

Como distingue este Jardim, dos Jardins de Água, em termos de envolvência dos vários intervenientes? Considera que foi também um projecto colaborativo ou foi somente um projecto conjunto? 

Os Jardins de Água e o Jardim das Ondas foram dois jardins que se autonomizaram no desenvolvimento do projecto de espaço público. O projecto dos Jardins de Água, foi conduzido pela RISCO e portanto, houve uma liderança em relação a esse processo e o nosso envolvimento numa outra posição, que não a de coordenação ou de liderança, mas talvez de colaboração. O Jardim das Ondas tinha um sentido diferente dos Jardins de Água e era da nossa inteira responsabilidade e mais tarde, seria também, da Fernanda Fragateiro.

Como surgem os temas para ambos os jardins e como afectam estes, o desenho dos espaços? 

O pensamento que está por trás do desenvolvimento dos espaços da Expo’98 e da própria exposição em si, é ainda muito influenciado pelo pensamento pós-moderno da tematização da arquitectura e da figuração das ideias. Portanto, a utilização dos temas de uma forma destacada, serve muito o propósito de uma exposição, que é moldada por um acontecimento mais do domínio do marketing (…). A Expo 98, celebra os oceanos e sua importância a partir de muitos pontos de vista, entre os quais, a questão da relação entre os vários cantos do mundo através dos oceanos. Do tema geral começam a declinar, uma série de outros temas como os

Jardins de Água ou o Jardim das Ondas. Os temas são escolhidos por um gabinete, ou se quisermos, um corpo dentro da própria Expo’98, que basicamente pensava o tema dos conteúdos. Toda esta questão dos temas esteve muito presente na concepção do evento em si, tanto na questão dos conteúdos e dos espaços, como dos conteúdos e das exposições e ainda, dos conteúdos e das instalações. (…) Os Jardins de Água, por exemplo, foi um tema que nos foi proposto, não fomos nós que inventámos, aliás, nós fugimos dos temas como ‘diabo da cruz’ porque não trabalhamos a partir de uma ideia de figuração ou de configuração, mas digamos que, aquilo que foi entregue aos responsáveis pelo conceito, neste caso arquitectos, arquitectos paisagistas e artistas foi esse tema propriamente dito.

Como distingue o Jardim das Ondas, dos Jardins de Água em termos de programa e envolvência dos vários intervenientes? 

Os Jardins de Água são determinados pela ideia de querer fazer um conjunto de espaços públicos com uma função fundamentalmente de descanso, de lazer, de uma certa alternância em relação à visita dos pavilhões e de um contraste com os espaços de grande concentração de gente ou de direccionamento de fluxos. O Jardim das Ondas, supostamente seria um espaço de um lazer ainda mais profundo, ou seja, a ideia é que fosse um grande espaço aberto e relvado, que criasse uma grande superfície de estadia e permanência na margem do rio. Portanto, são duas situações um bocado diferentes mas de função similar e, se reparar bem, a estrutura dos Jardins de Água é uma sequência de espaços, uns mais do domínio do duro, do artificial, do pavimento; englobam toda aquela parte central que cruza fluxos e nos dois extremos, encontram-se espaços mais do domínio do jardim. O Jardim das Ondas constitui uma só unidade espacial.

Nesse sentido, o Arq. Manuel Salgado propôs que trabalhássemos juntos, o RISCO, nós e a Fernanda Fragateiro em relação aos Jardins das Águas. Em relação ao Jardim das Ondas, que era um projecto que nos tinha sido atribuído em exclusivo, com o desenrolar do processo acabamos por envolver a Fernanda Fragateiro e acabamos até, por desistir (…) de uma configuração de espaço que já tínhamos desenvolvido e abraçámos o projecto que fizemos com ela.

Portanto foi uma escolha que aconteceu de uma forma quase natural e que surgiu encadeada com os Jardins das Águas? 

Foi, foi uma que surgiu da naturalidade como a nossa relação de trabalho se desenvolveu.

Agora incidindo no Jardim das Ondas, em alguma altura do processo surgiram questões de autoria, tendo também em conta que já havia, da parte do arquitecto, um estudo desenvolvido para este espaço? 

Devo dizer, que a coisa foi muito personalizada em termos do trabalho desenvolvido entre mim e ela. Ao contrário de outros espaços que envolveram outras pessoas, houve, de uma forma talvez mais inconsciente da minha parte e de uma forma mais controlada e consciente da parte dela, tal como é muitas vezes próprio entre os homens e as mulheres, essa intenção e disponibilidade. Sobretudo disponibilidade para o fazer.

Portanto, aquilo que foi a minha posição foi – Bom, temos uma hipótese mas estamos completamente abertos para explorar outra e portanto, como é que vamos fazer, como é que vamos trabalhar? A posição do lado dela foi um pouco diferente, até porque os artistas funcionam muito mais dependentes da noção de autoria e trabalham de uma forma normalmente muito mais isolada do que arquitectos. No meu caso de arquitecto paisagista, estamos habituados a ter que colaborar com outras pessoas para poder concretizar as coisas. Os projectos são coisas muito complexas, então estes espaços públicos, são muitíssimo complexos porque envolve muita gente, muitos problemas.

Neste caso concreto houve essa disponibilidade e, essa disponibilidade é o mais importante para se eliminarem esse tipo de problemas que surgem quando a questão da autoria se põe. Portanto, isso não foi discutido inicialmente, daquilo que me recordo e posteriormente não se pôs esse problema.

Como decorreu a fase mais conceptual do projecto, foi um processo partilhado? 

O que se passou, de um ponto de vista muito prático foi que, uma vez entendidas ambas as posições, fizeram-se reuniões e sessões de trabalho nas quais, a Fernanda Fragateiro disse que gostaria de fazer um projecto que de alguma maneira se baseava num livro, numa referência que ela tem da Virginia Woolf, que é o ‘The Waves’ (1931), que aliás aparece também no Jardim das Águas. A Fernanda trabalha muito a partir da reflexão e do pensamento sobre as realidades em que está interessada no momento. Apresentou-nos então, uma proposta sobre a forma de uma maquete de gesso, que surgiu do trabalhar sobre as formas da água. A água que é aparentemente uma matéria formal, na verdade não o é, porque a água, sendo uma matéria com propriedades que não se ficam apenas pelo plástico, deforma-se constantemente em função da energia que possui ou em função do elemento que a contem, ou seja, a água ao ser representada através da forma surge de uma maneira absolutamente transfigurada.

Na verdade, aquilo que a Fernanda Fragateiro propõe, é a configuração de um conjunto de formas com escalas absolutamente transgredidas. Não há uma escala comum às formas, há um espaço em que coexistem várias formas de muitas escalas, que aparecem compostas nesses vários estudos que ela fez a partir de modelos em gesso e também de fotografias. Ela debruça-se sobre um conjunto de formas que são normalmente próprias da relação e, mais exactamente, do contacto entre o mar e a terra. Essas formas, compostas e articuladas entre si, são próprias à água nos seus diversos estados e formas de energia, são próprias daquilo que a água imprime na terra. Por exemplo, há um conjunto de formas que representam de alguma maneira o movimento provocado pela energia transmitida à água pelo vento, há outras formas que têm a ver com a inscrição que a água faz na areia, há outros momentos em que se observa a forma de quando um pingo cai num plano de água. Estas formas têm simplesmente a ver com a impressão da água, com o efeito da água sobre a matéria e não a água em si. (…)

Qual foi a sua reacção a esta proposta, já que, a passagem destes esquemas conceptuais para o desenho e mesmo materialização nem sempre é óbvia ou fácil? 

Há na tradição dos anos 70 na arquitectura paisagista moderna, pode-se chamar assim, sobretudo, em França e na Bélgica, a que se chamou “Jardins Culture”, ou seja, “Jardins Cultura”, em que a construção de espaços a partir da modelação do terreno, que é uma das três grandes tectónicas da paisagem, foi muito utilizada, sobretudo, num determinado tipo de desenvolvimento urbano, pós Carta de Atenas. (…) Os “Jardins Culture” surgem da vontade de criar espaços públicos a partir de uma perspectiva plástica e muito livre em relação ao espaço em si. Nós podemos ver alguns exemplos disso em Portugal, nos Olivais Sul. (…) A minha reacção é então, mais ou menos esta – Bom mas isso é um “Jardin Culture” dos anos 70 e passados 20 anos, isto é ainda um conceito muito presente, portanto, tenho um certo receio da colagem a essa imagem. E ela disse – Não tenha receios, isto é uma outra coisa. E como a minha posição desde o início era bastante aberta, disse – Bom, se é outra coisa, vamos tentar perceber o que é.

Passando agora para a questão do projecto, ou seja, já de desenho do espaço…

O que fizemos em seguida foi tentar perceber, através de desenhos, esquiços e de várias maquetas que a Fernanda foi fazendo e ainda de desenhos e cálculos que nós também fomos fazendo, como é que essas formas, com escalas muito diversas convocadas para o mesmo espaço, se poderiam articular, tomar forma e começar a concretizar. Obviamente que se queremos convocar várias formas no mesmo espaço precisamos de uma unidade, precisamos de uma certa abstracção relativamente à matéria, ou seja precisávamos de uma matéria única e portanto, a relva aparece como material que estabiliza as formas que são feitas com terra.

Depois há problemas técnicos que se põem na construção daquelas formas, porque a certa altura, temos ondulações que são bastante declivosas, não é? Ora a matéria tem propriedades físicas e momentos de estabilidade e de instabilidade, nós não íamos fazer aquelas formas em betão, não íamos fazê-las em gesso, não íamos fazê-las em nenhuma matéria estável, mas sim em terra e depois, íamos estabilizá-las e sobretudo unificá-las com relva.

Isto parece tudo muito simples mas, na verdade, teve de se perceber como é que se conseguia, primeiro, chegar a uma forma final muito complexa. Segundo, torná-la possível de construir e em último, resolver todos os problemas técnicos que estão inerentes. Escolhida a matéria que era a relva, perceber que várias relvas tinham ali que existir e como as manter num contexto mediterrânico de verões quentes e secos. Evitámos colocar candeeiros ou focos, a não ser muito pontualmente, no conjunto de árvores, que nós propusemos e a Fernanda decidiu juntar. Que são um conjunto de choupos plantados sobretudo num dos limites, para que a sombra, quando a luz sobretudo Poente, começa a ser mais baixa, se projectasse para o interior do espaço e o tornasse não só habitável no Verão mas, que cria-se uma amenidade inerente ao conforto e que faz parte deste sentido lúdico característico deste espaço em particular. Todas estas questões, que se envolvem com a possibilidade de ‘fazer’, que é própria da construção de projectos artísticos, unem-se às da construção de espaços públicos e de espaços de paisagem, como a questão do conforto, da possibilidade de ser mantido. Depois há outras questões que têm haver, com a apropriação e que são bastante interessantes.

Durante a fase de construção, obviamente surgiram problemas ou questões com ela relacionadas, como foi acompanhado esse processo? 

A Fernanda Fragateiro é uma pessoa que trabalha tanto na fase conceptual, como na fase de produção ou para nós, a fase de obra. Foi um trabalho muito conjunto, sobretudo o lado escultural, de moldar o terreno e a confirmação e ajuste da forma, foi algo que foi bastante acompanhado por ela, até porque tinha objectivos, bastante concretos, em relação a isso. Eu fui pondo questões e fui, no fundo, ajudando a concretizar esse trabalho, através de técnicas topográficas escolhidas e utilizadas para transpor os desenhos que tínhamos feito para o espaço.

Depois há um momento, em que se atinge a forma pretendida e se faz o revestimento com tapetes de relva. A relva foi aplicada de uma maneira muito rápida, para que o vento não destrui-se ou altera-se as formas (…). A área foi reservada e a relva ficou a enraizar durante algumas semanas. Estes trabalhos finais de pavimentações, revestimentos e plantações, sobretudo plantações de revestimentos, são sempre os últimos a serem feitos e, apesar de ter havido uma excelente coordenação do conjunto de obras no recinto, as coisas depois precipitaram-se. Mas quando chegou o dia, a relva estava instalada e o projecto da Fernanda e nosso estava concretizado.

Essa dicotomia entre um objecto de arte e um espaço de exaustiva utilização foi tida em consideração? 

Desde a arte moderna à arte contemporânea, a interacção com as pessoas é um factor chave, e aqui, mais uma vez foi um pressuposto do projecto e, um aspecto talvez tão importante quanto a concepção e produção do objecto artístico, que neste caso é o espaço. Do meu ponto de vista esta interacção é fundamental porque, basicamente, estamos a criar um espaço público e minha perspectiva era: Se é um espaço público, como é que ele se apropria e como é que ele resiste? Há aqui situações de um limite de fragilidade. Aquelas pendentes e encostas são muito frágeis do ponto de vista da solidez, portanto, quando há uma apropriação que é muito intensa e sendo a relva um material vivo, quando é muito pisado chega a momentos de uma certa instabilidade. Ai iniciou-se outro processo muito importante, que foi a observação dessa apropriação através de várias formas de registo, que foi também, objecto de um tipo de comunicação enquanto projecto.

Agora, passados quase 14 anos, como olha para este espaço que co-criou? É um jardim ou é uma obra de arte? 

A minha opinião é que o jardim é essas coisas todas. Não estou muito preocupado com a categorização, até porque existe um território deliberadamente híbrido e é essa hibridez e essa fusão, se bem que com objectivos e olhares diferentes, é o que torna o Jardim das Ondas numa coisa única, na qual, a forma como as pessoas se relacionam com ela é o fundamental e é daí que se retira essa experiência.

Há vários registos que são feitos sobre esta obra, uns são do domínio da fotografia, portanto, estáticos e no fundo, gestos que objectualizam este espaço vivido, mas há um outro registo muito importante, feito por um cineasta, a pedido da Fernanda. É um registo dinâmico no qual as imagens são tomadas a partir de um ângulo fixo e por fracções ao longo de 24h, que montadas sequencialmente revelam, num determinado tempo, a dinâmica do espaço e as diversas formas como pessoas com diferentes interesses, miúdos, jovens, adultos e pessoas mais velhas, utilizam o espaço a várias horas, com luz diferente e com todas as dinâmicas do próprio espaço. Há uma altura em que a rega começa a funcionar, as sombras movimentam-se quase como pessoas e tudo se sucede ali. Todo o tipo de interacções entre as pessoas, entre as pessoas e o espaço, tudo inimaginável sucede ali. (…)

Portanto considera irrelevante ou desnecessária a catalogação deste tipo de espaços? 

Não, eu acho que é preciso catalogar, no sentido em que, quando reflectirmos sobre as coisas, reflectirmos a partir de determinadas perspectivas. Estas reflexões são sempre feitas de uma perspectiva de limites disciplinares ou da observação dessa transgressão das fronteiras disciplinares, (…). E nesse sentido, é muito interessante, especialmente para mim, perceber de que forma, de que processos e a que resultados se chegou com estas intervenções que não são originais ou originadas nesse momento. A colaboração entre artistas e arquitectos existe desde sempre e portanto, essa hibridez e essa complexidade no espaço, que é própria da arte em conjunto com a arquitectura, existem também desde sempre, ou seja, o que existe é um revisitar dessa disponibilidade naquele momento.

Ata realizada ao vivo na assembleia de freguesia extraordinária de 8 de junho de 2015

Assembleia de Freguesia extraordinária convocada pelo Movimento Pela Qualidade Urbana do Parque das Nações que reuniu 757 assinaturas de residentes para a sua convocação

Ata realizada em directo no Facebook Parque das Nações, por Carlos Ardisson.

Quase a iniciar a assembleia de freguesia, sendo o anfiteatro debaixo do solo existe muito pouca rede.

Presentes mais de 100 pessoas no público

Abertura da reunião

Início da intervenção de Célia Simões

Afirma que é independente de qualquer partido e que nas eleições votou no PNPN.

Refere que está arrependida e que considera que nas eleições se entregou um Ferrari nas mãos de uma criança.

Célia Simões refere que a demissão do executivo seria a melhor saída para este executivo.

A coligação com o PS não trouxe melhorias.

Na concentração de há uns dias, não se percebeu se as palavras ditas pelo executivo foram de promessas de melhoria ou de ameaça.

Célia Simões: Já ninguém acredita na capacidade do executivo para resolver os problemas, por isso pede que sejamos ouvidos na resolução dos problemas da freguesia.

Célia Simões: enumera as promessas do PNPN e questiona o que foi feito até aqui.

Célia Simões passa a palavra a Rui Laginha e é aplaudida pelo público.

Rui Laginha começa por apresentar os números da gestão urbana. Números dos espaços verdes e enumera as verbas que ficaram por gastar, visto existir tanto para fazer.

Questiona o porquê de existir um depósito a prazo de 400 000€.

Compara os números gastos pela Parque Expo Gestão Urbana e os gastos da junta e CML.

Parque Expo GU tinha 76 jardineiros, junta e CML têm no máximo 20.

Rui Laginha refere que a junta deve deixar de hostilizar os fregueses e informar mais, justificar menos. Devem passar a saber aceitar críticas.

Rui Laginha sugere a criação de piquetes de intervenção continua e circular.

Segurança: Recuperar equipa de segurança.

Pensar nas crianças e desenvolver actividades para os mesmos.
A casa do arboreto deve passar a ser dedicada às crianças e não às instituições que lá estão neste momento ( amcpn, emel, etc).

Rui Laginha promover um Museu ao ar livre através das obras de arte que existem.

Promover roteiros de visita.

Não desmantelar jardins, criar parcerias com empresas.

Termina a sua intervenção e é saudado com aplausos pelo público.

Início das intervenções do público, 17 inscritos

1 interveniente refere que o passado da CML mostra que eles deixam cair tudo e depois querem fazer de novo pois é a forma de ganharem dinheiro

Rosa Carvalho da Silva, deputada municipal, intervém como moradora. Refere que a freguesia não está acompanhada pela CML e que mesmo após o acordo com o PS isso não trouxe melhorias.

O PNPN ao votar sempre ao lado do PS, na Aml perde a sua capacidade de exigir o que devia da CML

Refere que é necessário negociar melhor as verbas da CML, refere que a CML não disponibiliza os recursos humanos suficientes para cuidarem dos jardins.

Diogo Madaleno refere que já habita há 16 anos no parque, refere que votou no PNPN.

Tem 4 filhos e até as crianças o questionam o porquê de tudo estar degradado.

Sente falta de mais iniciativas para as crianças.

Como organizador da corrida nocturna do Parque das Nações refere que tem conhecimento de várias quedas.

Refere que o legado da Expo 98 deve ser preservado e mesmo melhorado.

Finaliza a sua intervenção dizendo que “Queremos o Parque de volta!”.

Pedro Colaço, refere que tem 25 anos e simboliza a juventude que existe neste espaço.

Foi fundador do Refood Parque das Nações.

Aborda o pólo poente e refere as dificuldades de mobilidade no Condominio Varandas do Rio.

Refere que O Eng Paulo Andrade reuniu com a administração dos condomínios e até agora nada foi feito.

Luis Rios refere que reside há 6 anos no Parque, mas que como esteve envolvido em diversos projectos de construção da Expo 98, pretende saber quais os materiais errados que foram usados.

Gisela Frias inicia e tem um PowerPoint

Refere que a empresa onde trabalha mudou-se para o Parque por causa das condições excepcionais que este espaço oferecia.

Nos últimos tempos as circunstâncias mudaram e já não podem passear com os clientes pelo espaço, devido à degradação destes

Termina questionando se as empresas devem repensar a sua localização.

Rui Sadio refere que não faz parte de qualquer partido.

Trás consigo os 26 compromissos eleitorais do PNPN e refere que considera que nenhum foi até agora foi cumprido.

Enumera as promessas e refere os exemplos e o que nada foi feito.

Instalar medidores de humidade para melhorar a rega ( o auditório riu-se).

Emília Morgado inicia a sua intervenção dizendo que usa o IPad e que o refere pois a junta dá muita importância a gadgets tecnológicos.

Refere que não trouxe imagens, mas que como o presidente não tem olhado para as quem têm passado também não faz mal.

Quer saber as avenças

Votou no PNPN

Termina dizendo que possivelmente o presidente vai responder que o património estava em fim de vida, mas que não o deve fazer

Um morador (não sei nome) refere que estava fora na altura da Expo nos EUA e que viveu com muito orgulho essa época, pois os americanos reconheciam o mérito deste projecto.

Votou no PNPN e refere que ama a Expo e que tem muito orgulho em viver cá. Se for preciso ajuda está disponível.

Hilário Teixeira inicia agora a sua intervenção.

Refere que foi com agrado que tomou conhecimento desta assembleia.

Refere estar desiludido com as propostas dos peticionários.

Proponham soluções diz à assistência.

Diz que o PS fez um acordo e já se vêem resultados ( risos na assistência )

Há coisas a fazer e refere o CuBa Livre como exemplo.

Refere os canídeos e os dejectos como um problema, deve-se delimitar a zona ciclavel. Semáforos nas zonas mais problemáticas, lombas nas zonas complicadas.

O novo fôlego do PS vai resolver os problemas

Lucílio Almeida inicia a sua intervenção.

Refere o grave problema dos cubos de granito no pavimento das nossas ruas.

Apresenta os valores previstos para intervenções nas ruas da freguesia, irrisórios

Refere que na alameda dos Oceanos está prevista uma intervenção de 40000€ em 2017

Do executivo dizem que começou hoje a intervenção no piso da Alameda dos Oceanos.

Refere o problema dos cubos de granito é causado pelas sapatas das gruas e pelos aspiradores de rua que sugam o material atacante das pedras, descalçando-as

Este problema só é visível para quem anda a pé e não para quem anda de carro.

A solução é espalhar material para calçar as pedras ou em dezembro só se pode andar de jipe.

Fiz a minha intervenção lembrando que há um ano tivemos uma assembleia de freguesia sobre o mesmo assunto, onde apresentei um documento com 50 fotografias com problemas, hoje passado um ano passo uma apresentação em que ou os problemas são os mesmos ou se agravaram. Posteriormente partilho a apresentação

Jorge Farromba faz a sua intervenção com um PowerPoint musicado com imagens da degradação

Termina a sua intervenção, bastante aplaudida.

João Leal, tem 40 anos e 2 filhos. Nunca se interessou pela política ou pelas freguesias.

Tem 5 empresas no Parque

Nas empresas quando não se é capaz de levar uma tarefa a bom porto demitem-se, pede por favor que o executivo se demita.

Jorge Guimarães, cumprimenta o auditório.

Refere que mesmo conhecendo o Parque, ficou impressionado com as imagens mostradas hoje.

Refere que um projecto independente tinha pernas para andar, livre de interesses.

O desmantelamento da Parque Expo foi um erro.

Apela a que demonstrem que são capazes ou cedam a vez aos outros.

Se assim não for cá estaremos de novo.

Queremos o que já tínhamos, não queremos nada de novo.

Um residente questiona qual é a receita da CML com este espaço (impostos e taxas)

Marta Rosa, felicita o número de fregueses presentes.

Questiona o presidente sobre algumas respostas dadas por este na última assembleia

Refere que o presidente mesmo depois de ter sido chamado à atenção por um dos intervenientes não olhou quase para as imagens que passaram.

Fala sobre o comunicado emitido pela junta na sequência da concentração em que a junta acusa as forças políticas de estarem por trás da mesma.

Admitam que as coisas não estão a correr bem

Quando se diz que os participantes não estavam disponíveis para debater, a prova está aqui hoje nesta assembleia.

Refuta um a um as frases do comunicado.

Refere que já foram apresentadas propostas válidas que não foram tomadas em consideração

O presidente da mesa agradece as participações de todos, referindo que fez todo o sentido ultrapassar a meia hora prevista.

Representante do Oceanário refere que cada vez mais há reclamações do espaço envolvente ao mesmo.

Têm comunicado esses problemas à junta e à CML.

Estão disponíveis para ajudar a resolver estes problemas

José Moreno, refere que apresentaram as propostas e estão a cumpri-las

Há um ano o Parque estava pior, afirma.

Diz que há um ano andou com a televisão e mostrou essas imagens na assembleia municipal.

Diz que hoje a situação é muito melhor e que estão hoje em condições de começar a resolver os problemas

Tão rapidamente quanto possível quer apagar estas imagens da cabeça de todos.

Refere que os equipamentos têm 17 anos.

Diz que pouco se vê, mas que hão-de dar por isso.

Refere soluções erradas, os pavimentos de madeira são errados.

Os bancos de jardim são caros, de design de um arquitecto portugês

O espaço tem uma gestão muito complexa

Vai dar oportunidade ao vogal do urbanismo de intervir.

Refere escassez de verbas

Gastaram o que era prudente gastar

Os 600 e tal mil € estavam compromissados a contratos que tinham de ser pagos.

Contratam os serviços quando podem, quando há disponibilidades financeiras, lembra a crise.

Sente o mesmo que os peticionários e quando deixarem o Parque as soluções estarão implementadas.

Vice presidente da CML, Duarte Cordeiro toma a palavra responsável pela área

Vem assumir responsabilidades

Compreende a indignação das pessoas,

A junta não existia, foi criada de raiz

Muitas das questões seriam difíceis mesmo para um executivo experiente.

Houve claramente um problema com a passagem dos contratos da Parque Expo.

Houve períodos sem manutenção que degradaram os espaços verdes.

Houve uma subestimação do valor do orçamento da junta e vai ser reforçado com 700 000€

Há juntas que estão a evoluir para certificação dos espaços verdes, esta junta assim o fará certamente

Duarte Cordeiro

Refere que as queixas dos espaços verdes se situam em cinco jardins.

No cabeço das rolas a CML tem a responsabilidade das bombas do lago.

Há 100 000€ para iluminada na área sul

200 000€ para passadiço das bandeiras, e outras obras.

Já começou a rega no parque Tejo.

Foi hoje desbloqueada hoje a verba para o parque infantil.

O quiosque faliu e será alvo de concurso

Skate parque está a ser estudado.

Materiais incorrectos, dá como exemplo a madeira dos passadiços

1000000 € para iluminação ao longo do mandato.

Alameda dos oceanos, começou hoje a intervenção nos passadiços.

Até ao final do ano irão fazer parte dos trabalhos da Alameda dos Oceanos.

Vão recuperar o parque infantil das Laranjeiras 23000€

Escadas de acesso às laranjeiras vão iniciar em breve

Espaços para animais no Parque Tejo não estão previstos.

Vogal Lucas Lopes inicia a sua intervenção

Diz contar com a nossa ajuda para levar a cabo a sua missão.

Prioridades: limpeza diz que estão satisfeitos

Verde só com água, agradece ao vice presidente por ter assumido responsabilidades

Jardins: estão a começar a tratar os espaços na área sul

Tem 47000 plantas para plantar, mas só as trazem quando tiverem água.

Vai fazer renascer canteiro a canteiro o Parque das Nações

Mesmo com todos os escolhos que lhe possam colocar no caminho

Jardim Cabeço das Rolas, já iniciaram a recuperação

Rotunda da Sport tv assume que errou ao arranjar a rotunda sem haver água.

Assume que não vai replantar amores perfeitos nessa rotunda, tem de ser mais em conta

Vão arranjar os jardins da água, os aparelhos serão mantidos.

Jardins das Ondas vai ser recuperado, talvez com mudanças das ondas de forma mais adequada

Jardim da Música só retiraram os instrumentos para bem de fregueses

Os passadiços do jardins Garcia d’Orta irão ser alvo de mudança de materiais.

Vão contratar 3 jardineiros um para o Garcia de Orta, outro para o Cabeço das Rolas,

Na zona poente os moradores vão ajudar a regar e a manter

Querem repor o passeio junto ao Desportivo, com a ajuda da CML

Acalmias de tráfego, pretendem desviar o trânsito da alameda dos oceanos,

Aceitam-se ideias para termos mais parques infantis

Não se vão demitir, peçam-nos para trabalhar

Paulo Coelho (PSD) refere que hoje assistimos a história, visto não haver conhecimento no passado recente de uma assembleia extraordinária solicitada pelos fregueses.

Refere que a convocatória podia ter sido feita pelos eleitos e lamenta que membros do Ps decidiram não assinar, excluindo Hirondino Isaías.

Iremos acompanhar com muito rigor as datas hoje divulgadas para recuperação deste espaço

Soluções: existiram diversas propostas válidas apresentadas pelos residentes

O executivo tem vivido de costas voltadas para as instituições que existem na freguesia

Deve ser feito uma aproximação às empresas

Deseja que esta assembleia sirva para o executivo entender que há que mudar

Passaram dois anos e o parque degradou-se

Hirondino Isaías (PS) agradece ao vice presidente a sua presença.

Lamenta que haja eleitos que se tenham recusado a assinar a convocatória ( critica directa ao seu partido),

Não houve cuidado nestes últimos dois anos

A CML assumiu a gestão durante mais de um ano sem que se tenha perdido a qualidade.

Tem a certeza que a CML, tudo irá fazer para mudar esta situação

Ele (Hirondino) foi o mais crítico deste executivo e informa que vai apresentar renúncia do seu mandato porque é de carne e osso e não pode estar a dizer que tudo está bem, quando não é isso que pensa.

Agradece a todos os que o apoiaram e agradece a confiança.

Deseja que o executivo tem dois anos e que há muito a fazer e a melhorar

Uma junta deve estar próxima das pessoas

Deixa votos de felicidades a todos

Jorge Alves, (PCP)

Apela a que o Oceanario não seja privatizado.

Refere que foi dada prova clara da realidade que todos vivemos nesta freguesia

Refere que não subscreveu a petição por a petição ter sido partilhada nas redes sócias antes de ter sido comunicada a alguns eleitos.

Refere que há um Ps bom e outro mau, pois se Hirondino subscreveu a petição outros 3 membros não o fizeram.

Oiçam os debates que decorreram, um na TVL e outro na Escola Vasco da Gama e prestem atenção ao que lá foi dito

A transferência das competências é outro dos problemas e o PCP alertou para esse problema.

Estão disponíveis para debater a proposta agora feita pelo PCP

Luis Pastor ( PS) refere que foi responsável em 1998 pela manutenção dos padrões de qualidade nomeadamente na recolha do lixo.

O PS esteve sempre a lutar pela qualidade e é por isso que integrou o executivo.

O PS tudo fará na junta e na CML para melhorar o estado das coisas

Bruno Figueiredo intervém agradecendo a todos a assinatura da petição e refere que apesar do executivo ter pedido um voto de confiança, ele não é capaz de lho dar pois já passaram dois anos

Foi aprovada por unanimidade a proposta do PCP que prevê a constituição de um grupo de trabalho que englobe as forças vivas da freguesia, os partidos representados e por proposta do PSD o Oceanário de Lisboa e por proposta do CDS a inclusão do grupo que convocou esta assembleia.

Final da assembleia

As desculpas segundo “São Lucas”

Na sequência da publicação pelo vogal do urbanismo da junta de freguesia do Parque das Nações de um artigo de 2 páginas, no notícias do parque de 15 de maio, um participante no grupo Pela Qualidade Urbana no Parque das Nações decide investigar.

Luís Lucas Lopes – Notícias do Parque Rui Sadio – Pela Qualidade Urbana no Parque das Nações
As “árvores não mentem”, mais de 90% das palmeiras estavam há mais de 6 anos sem qualquer poda e hoje quem entrar pela rotunda norte vê a diferença. Para prevenir o ataque do escaravelho vermelho, várias entidades (e.g. Museu Nacional de História Natural/Jardim Botânico) têm desaconselhado a realização de podas ou outros cortes no tecido vegetal de palmeiras saudáveis se não forem absolutamente essenciais (as podas por razões meramente estéticas não são essenciais). Em comunicado de abril de 2012, a Direção Regional de Agricultura e Pescas do Centro adverte para que se evitem podas excessivas, procurando realizá-las somente em palmas secas ou velhas, preferencialmente em épocas frias do ano (de novembro a fevereiro), advertência que não foi seguida na rotunda norte do PN (ver aqui).
Mais de 120 azinheiras estão doentes na Alameda dos Oceanos, votadas ao abandono e à sua força de viver. Trata-se de uma espécie que tem mostrado, ao longo destes 17 anos de vida do Parque das Nações, alguma dificuldade de adaptação, apesar do acompanhamento dos técnicos na preservação da sua saúde e robustez. É uma realidade que a Alameda dos Oceanos está transformada num cemitério de azinheiras. Mas quantas azinheiras estavam votadas ao abandono e à sua força de viver há 3 anos? E há 5 anos? O Google Street View responde. Em 2009/2010 existiam ZERO azinheiras doentes ao longo da Alameda. Nos últimos 3 anos nada foi feito no sentido de tratar/repor azinheiras doentes nesta via do PN.
A última sementeira de relva efetuada no Parque das Nações tem registo do ano 2010. Não admira que muitos dos relvados já sejam só herbados. Se os relvados tiverem uma manutenção exigente e cuidada, a necessidade de proceder a novas sementeiras é minimizada. Até 2013 os relvados do PN apresentavam-se em excelentes condições, facto facilmente comprovável por qualquer morador ou visitante (ver aqui ou aqui). Isso deve-se ao cuidado colocado pela PE na sua manutenção que incluía serviços de assistência técnica e acompanhamento do estado fisiológico da relva por parte da Vasverde, empresa de referência no sector, reconhecida nacional e internacionalmente. Não admira, pois, que muitos dos relvados já só sejam ervados tendo em conta que a manutenção exigente e cuidada acabou.
Nos Jardins Garcia de Orta, ex-libris do Parque das Nações, as intervenções de limpeza deixaram a nu a degradação de muitos anos de abandono e negligência. A Parque Expo gastou o último euro nestes jardins em 2007. Segundo os técnicos, algumas espécies evidenciavam não ter tido qualquer tratamento há pelo menos 8 anos. É verdade sim…. Mas, na realidade, os “muitos anos de abandono e negligência” foram apenas dois. Uma reportagem da agência Lusa com a arquitecta Cristina Castel-Branco por alturas do 10º aniversário da Expo98 (2008) apontava alguns erros de manutenção mas, genericamente, considerava que os jardins tinham sido uma aposta ganha. E decorriam nessa altura trabalhos de restauro dos lagos no talhão da China. Se o efeito do abandono dos jardins durante 2 anos foi o que foi, imagine-se como não estariam se estivessem ao abandono há 8 anos….
Todavia, este como, de resto, todos os jardins do Parque das Nações irá ser alvo das obras de recuperação necessárias, que lhe restituirão o seu esplendor inicial, nomeadamente, com a reativação das fumarolas, junto à Cascata, que deliciaram crianças e adultos, mas há vários anos inativas. No decurso das obras de ampliação do Oceanário, finalizadas em 2011, e conforme publicou o Notícias do Parque nº58 de maio 2011, a PE “procedeu à recuperação da cascata, com a reparação do sistema hidráulico, das superfícies pintadas, dos pavimentos e da cobertura. O Lago de Neptuno foi também submetido a reparações do pavimento e dos nebulizadores que permitem o efeito de nevoeiro”. Tanto a Cascata como as fumarolas estavam em funcionamento em 2012 (ver aqui).
As evidências demonstram que a Parque Expo apostou mais no que era visível do que no que era estruturante. Afirmação curiosa quando tudo o que é estruturante e existe no PN foi obra da PE.

Era uma vez, um parque infantil…

Era uma vez, um parque infantil…
Tinha uma da cerca, um parquinho de sombra onde dava gosto ver os triciclos estacionados.
Tinha um escorrega que era lindo, para o subir havia uma rampa e uma ponte. A primeira corrida era sempre para lá!
Tinha baloiços e animais de mola.
Junto com a placa onde se lê temporariamente encerrado, resta um bloco de escalada, um mini zoo de madeira e uma “aranha” moribunda onde as crianças continuam a subir sem noção do risco que correm.

Esta foto é de Outubro de 2014 e não é o inicio deste estado temporário…
Hoje, passado mais de meio ano, os restos das cercas pelo menos já não estão lá, mas pouco ou nada mais mudou.
A aranha está mais moribunda, as crianças continuam à espera e algumas arriscam-se a algo menos bom, os pais desesperam com o que vêem e já nem sabem se sabem o que significa temporário!

Era uma vez, um parque infantil… Até quando?

11392806_10206458336119074_2475683989371519675_nTexto e foto de Marta Malva no grupo de facebook Pela Qualidade Urbana no Parque das Nações.